sexta-feira, agosto 31, 2012

Desemprego - conceitos e números - 8

Neste dia, último de Agosto, em que o desemprego veio à tona - não deveria estar sempre? -, a recordação do escrito (e ilustrado, ilustremente, por Luis Afonso) no final dos anos 80 do século passado ganha ainda mais oportunidade.

Avançar com números sem deles procurar fazer a "radiografia" terá muita utilidade mas será sempre deficiente. Já o sublinhávamos nesse "folhetim" de há perto de 25 anos (e antes). Ter em conta em conceitos (e as suas manipulações) é fundamental. 
Assim como, aqui, se tem procurado contribuir para o conhecimento e limitações de conceitos como população em idade activa, população activa, população empregada, população desempregada - sempre no masculino e no feminino -, também é indispensável ver como, a esses estratos, se junta a dimensão etária
O que, então, no Diário, chamava "estrutura óssea" tem muito a ver com a estrutura etária, tendo a maior relevância o facto do desemprego estar a atingir camadas jovens da população, com os desempregados com menos de 25 anos a serem quase 40% da população activa com essa idade (o que seria mais grave ainda se a idade mínima estivesse ao nível de 1998, por exemplo), estimulando-se a emigração, e em particular a qualificada, o que é um verdadeiro crime pátrio.
Disso se escreverá a seguir, na recta final desta série. Para a semana...  

OUTRA INFORMAÇÃO - Não-Alinhados - declaração final da conferência

Não Alinhados:
declaração final repudia intervenção na Síria

Os líderes do Movimento dos Países Não Alinhados (MNA) rechaçaram, nesta sexta-feira (31), uma intervenção militar estrangeira na Síria, ao aprovar a Declaração Final da 16ª Cimeira de Teerão, apesar de persistirem enfoques divergentes sobre este assunto.
Fontes da chancelaria do Irão adiantaram que os chefes de Estado e de Governo presentes na reunião trienal deram particular importância à crise Síria, sem deixar de apoiar pronunciamentos sobre outros temas polémicos.
O vice-chanceler iraniano, Abbas Araqchi, informou para os jornalistas que “o eixo central da Declaração de Teerão e o ponto que todos os membros estão destacando é a da não necessidade de uma intervenção militar em assuntos internos da Síria”.
A declaração foi submetida a discussões e consultas por parte das delegações dos 118 Estados-membros, sobretudo pela postura hostil deas nações árabes do Golfo Pérsico relativamente ao governo do presidente sírio Bashar Al-Assad.
O Irão, que apoia Al-Assad e propõe uma solução pacífica, indicou que a repulsa a qualquer manobra de ingerência em Damasco é um ponto importante, a partir do qual se deve trabalhar pera deter a violência e fomentar o diálogo.
O texto de 688 parágrafos e documentos anexos também incluíram a condenação do bloqueio económico dos EUA contra Cuba, a reivindicação da soberania argentina sobre as Ilhas Malvinas e o repúdio do golpe de Estado constitucional no Paraguai.
Igualmente expressaram apoio ao Equador em seu diferendo diplomático com o Reino Unido sobre o asilo outorgado ao criador do WikiLeaks, Julian Assange, e saudaram a Venezuela, que será a sede da próxima reunião do MNA.
A recusa do terrorismo e do critério duplice que o "Ocidente" aplica neste tema, a luta contra a pobreza, a segurança alimentar e o impacto das doenças e fenómenos naturais na economia das nações em desenvolvimento, também figuram no documento.
Além disso, fala da necessidade de reformar o sistema das Nações Unidas, em particular do Conselho de Segurança, da solução pacifica de conflitos e da defesa da paz e do dialogo entre as civilizações, religiões e da diversidade cultural.
A descolonização, o combate ao terrorismo e a promoção da democracia, a cooperação Norte-Sul e Sul-Sul, mereceram referências claras, junto com a causa palestina e outros conflitos que acontecem em países do Oriente Médio, além da Síria.

Fonte: Prensa Latina

Comentário

Há dias o tal "consultor do governo", com fortes ligações à grande finança internacional (transnacional), dizia que não tinhamo que nos preocupar com o valor do défice, importante seria a correcção dos desequilíbrios externos e que a resposta da economia portuguesa ao pacto de agressão ("programa de assistência", no discurso deles) demonstrava que Portugal estava no bom caminho. Todo orgulhoso, afirmava que desde 1943 (ou 42, não me recordo...) perspectivava-se que pela primeira vez teríamos um excedente comercial.

Ninguém poderá acusar ou mesmo insinuar que para o PCP o défice externo e a dívida externa não sejam indicadores fundamentais para a economia e para o povo português. Garantir que somos capazes de produzir valores suficientes para proporcionar a satisfação das necessidades do povo português é, e terá que ser sempre!, um objectivo central da eocnomia política e da política económica portuguesa. Em tempos, alguns destes senhores afirmavam que tal não era fundamental, mas isso será para outras conversas...

O que nestas linhas pretendo relevar é a hipocrisia de afirmar que empobrecendo a população, impedindo que mais de um em cada três dos jovens portugueses ("activos" com menos de 25 anos, com todos os problemas que esta designação "activos" representa...) sejam capazes de produzir o que quer que seja para obter meios para satisfazer as suas necessidades, estaremos no bom caminho.

Esta ideia de que estamos no bom caminho porque podemos descartar-nos de parte da população e «ficar» com os "activos produtivos", mais os seus familiares dependentes, e assim termos um país e uma economia e um povo a gastar o que produz, é profundamente reaccionária e fascizante...

Esta dezenas de milhar de jovens portugueses, estas centenas de milhar de portugueses não podem ser reduzidas a um número, a uma representação de uma realidade expurgada de todas as dimensões social, económica, política e cultural, ou seja, de toda a sua dimensão humana, concreta.

Ricardo O.
Obrigado! 

Desemprego - números do Eurostat

A taxa de desemprego em Portugal atingiu os 15,7% em Julho, valor idêntico a Junho, enquanto na Zona Euro e no conjunto da União Europeia se manteve nos 11,3 e 10,4% respectivamente, revela esta sexta-feira o Eurostat.
Os dados do gabinete oficial de estatísticas da União Europeia revêm em alta os números referentes a Junho - o Eurostat estimara antes uma taxa de 15,4% em Portugal, tendo agora corrigido para 15,7 -,  e "mantêm" Portugal como o terceiro país com uma taxa de desemprego mais elevada, apenas atrás de Espanha (subiu para 25,1%) e Grécia (23,1, valor referente a Abril).
Na comparação homóloga - com o mesmo mês do ano anterior - a taxa de desemprego em Portugal subiu 3,2 pontos percentuais (em Junho de 2011 era de 12,5% ), ou seja, 25,6%!.
Existem actualmente mais de 25 milhões de pessoas desempregadas na União Europeia, 18 milhões das quais na Zona Euro.
Entre os jovens (com menos de 25 anos), Portugal registou um recuo, de 37,6 para 36,4%, continuando, todavia, a registar a terceira taxa mais elevada entre os países sobre os quais há dados disponíveis e muito acima da média da Zona Euro (22,6%) e da UE (22,5%).

quinta-feira, agosto 30, 2012

Desemprego - conceitos e números - 7

Na verdade,  a saúde da D. População Activa não é das melhores,
Como não o era há quase 25 anos, quando o Luís Afonso fez esta excelente ilustração no Diário
 
  • Por um lado, emagrece... e não por "meios" naturais.
  • Depois, perde sobretudo qualidades vitais, e os volumes que a estão a arredondar são os da população em  idade activa desempregada ou nem sequer activa, isto é, que nem está... no "mercado".
  • Por último (mas não para acabar!), a D. População Activa ainda se está a masculinizar "à bruta", com evidentes perdas de "hormonas" e de outras qualidades femininas.

Brevíssima


Desculpe...
foi o senhor que falou em histeria?

OUTRA INFORMAÇÃO

O secretário-geral das Nações Unidas visitou o Irão,
onde, entre outras visitas, foi autorizado
a ir a instalações de produção de energia nuclear

A África do Sul e a luta de classes

Os recentes acontecimentos na África do Sul (e viagens pela África da "madama Clinton") exigem muita reflexão. Uma importante e esclarecedora
é hoje subscrita por Ângelo Alves no avante!, com o título que se adoptou para este "post", e pode ser lida aqui.
Não resistimos a juntar três notas de sublinhado e reforço que nos resultam das reflexões provocadas pelos acontecimentos, e para que a crónica de Ângelo Alves veio muito ajudar:
  1. vivemos intensamente a luta contra a situação de "apartheid" na África do Sul e o momento da libertação de Mandela (pelo que foi e pelo "tempo" em que foi) representou um facto histórico na pequena História que nos calhou viver... mas também alertou a consciência de que um passo... nunca é mais que um passo!, que nada que se conquista fica adquirido e para sempre, que há que continuar a luta, luta que, em novas condições, não será fácil e não consentirá desatenções e desvigilâncias;
  2. teve grande significado, a nosso ver, a inclusão da República da África do Sul nos chamados "países emergentes" - Brasil, Rússia, India e China -, pelo que representa o país em si mesmo e pelo continente africano;
  3. deve preocupar a atenção que a administração dos Estados Unidos dedica, com esta "madama" agora à frente dos negócios externos, estrangeiros e estranhos, ao continente africano, com o Africom e outras estruturas e acções, como viagens e contactos estranhamente coincidentes com/antecedentes de alguns acontecimentos.

5ª feira? avante!


quarta-feira, agosto 29, 2012

OUTRA INFORMAÇÃO - A Conferência dos Não-Alinhados


Xinhua: Três temas a destacar 

na Conferência dos Não Alinhados


A 16ª Conferência de chefes de estado ou governo dos países do Movimento dos Não Alinhados (MNA) acontecerá dias 30 e 31 de agosto em Teerão. São esperados governantes e altos funcionários de mais de 100 países. 

Por Du Yuanjiang, Yang Shuyi, Zhu Xiaolong, na Agência Xinhua



Antes da Conferência, haverá encontro de ministros dos países membros do MNA, logo depois de um dia de discussões entre especialistas convidados, que aconteceu no domingo. 

Este ano, a Conferência dos Não Alinhados acontece com o pano de fundo de várias questões na Ásia Ocidental* e no Norte da África. 

Para os analistas, além das questões já tradicionais, como direitos humanos, combate ao terrorismo, desarmamento das Armas de Destruição em Massa, a questão palestina e reformas na estrutura da ONU, três outras questões serão objeto de atenção concentrada, na realização da Conferência. 

A crise na Síria 

Os analistas preveem que, com a crise na Síria ainda sem solução à vista, o Irão, aliado muito próximo dos sírios, tentará usar o fato de hospedar essa reunião da Conferência do MNA para obter apoio para o governo sírio. 

O secretário de Segurança Nacional e Relações Exteriores do Parlamento iraniano, Alaeddin Boroujerdi disse no domingo que o Irão opõe-se a qualquer intervenção externa na Síria, destacando que a Conferência do MNA em Teerão visa a criar um modo de ajudar a resolver a crise síria, que já dura 18 meses. 

No sábado, o porta-voz do ministro de Relações Exteriores do Irão Ramin Mehmanparast disse que o Irão apresentará proposta “extensa e compreensiva” para o fim da crise síria, e que a proposta iraniana seria discutida no contexto da 16ª Conferência dos Não Alinhados. 

Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores do Irão Ali-Akbar Salehi já anunciara a proposta de Teerão, dizendo que seria “aceitável e racional”

A posição do Irão é que todos devem recuar, evitar qualquer violência e tentar construir algum tipo de solução de convivência entre os vários partidos políticos na Síria – disse em recente entrevista à rede Xinhua o Dr. Sadeq Zibakalam, professor de ciência política na Universidade de Teerão. “O Irão sabe que, se Bashar al-Assad for deposto, aumentarão as pressões sobre o Irão” – disse o professor Zibakalam. 

A questão nuclear iraniana 

Recentemente, altos funcionários israelitas ameaçaram com ataque militar de Israel às instalações nucleares iranianas. A ameaça foi respondida com firmeza pelo Irão, que disse que o país retaliaria com plena força, se fosse atacado. O ministro da Defesa do Irão, brigadeiro-general Ahmad Vahidi disse, dia 22 de agosto, que, se atacado por exército estrangeiro, o país defenderia a própria soberania e a integridade de seu território. 

Já há anos, o Irão opera para obter apoio internacional para seu programa nuclear. Durante esta Conferência, de novo tentará obter apoio do maior número possível de países para sua posição relativa à questão nuclear – contra sanções e ameaças militares e apoio ao diálogo e à negociação –, de modo a conter a crescente pressão ocidental. 

O Irão tentará usar a reunião dos Não Alinhados, para obter que pelo menos alguns dos participantes manifestem apoio à busca de solução negociada e de diálogo, disse o professor Zibakalam. “O Irão tentará usar essa oportunidade para tentar obter alguma espécie de contrapeso à pressão que virá especialmente dos EUA” – acrescentou. 

Relações Irão-Egito 

Há notícias de que o presidente do Egito, Mohamed Mursi, visitará Teerão durante a reunião dos Não Alinhados, para entregar a presidência rotativa do grupo ao Irão. É visita significativa, se se considera que os dois países romperam relações diplomáticas há mais de trinta anos. 

Egito e Irão romperam relações diplomáticas depois da Revolução Popular Islâmica de 1979, quando o Egito deu asilo no Cairo ao deposto Xá Pahlevi e assinou tratado de paz com Israel. Há dois anos, funcionários dos dois países fizeram comentários considerados “de boa vontade” sobre laços bilaterais, e há rumores de que é possível uma normalização das relações. Desde a posse de Mursi, esse ano, têm-se renovado sinais, dos dois lados, de que há interesse nessa direção. 

Há anos o Irã vem expandindo sua influência na região, e o Egito ocupa posição muito importante no mundo árabe. Para muitos especialistas, o aquecimento de relações bilaterais entre os dois países afetará significativamente a estrutura geopolítica da região. Por isso, tudo que Mursi diga ou faça, ou se participará de reuniões com representantes do Irã enquanto acontece a 16ª Conferência dos Não Alinhados, será objeto de observação atenta. 

Para o professor Zibakalam, “do ponto de vista dos líderes iranianos, não há motivo que impeça o pleno restabelecimento de relações diplomáticas com o Egito, depois da posse do novo governo egípcio”
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*Ásia Ocidental é como os chineses se referem à construção linguística americana "oriente médio".

de Vermelho

Desemprego - conceitos e números - 6

A população activa tem aumentado, ao longo do tempo. Tendencialmente. Poderia não acontecer assim. Porque a população activa, se soma da população empregada com a desempregada é, também - estatisticamente - parcela da população total, da população em idade activa. E aqui se cruzam as duas medidas. Até porque se as oscilações da população empregada e desempregada estão condicionadas pela economia (e, no essencial, condicionam esta pois sem população activa, sem trabalho, não há economia!), a parte da população em idade activa é condicionante demográfica. Mas não só... pois também pode variar a partir de decisões políticas. Na verdade, hoje, de forma simples, a população em idade activa é a população entre os 15 e os 64 anos, mas a idade mínima (relacionada com o ensino obrigatório) já foi, recentemente, de 12 anos até 1991, de 14 anos de 1992 a 1997. e só desde 1998 é de 15 anos, enquanto a idade máxima para se ser considerado em idade activa é alvo de potenciais alterações, ligadas à questão das reformas e da segurança social.
No cruzamento destas variáveis, a população activa era de menos de 4 milhões em 1974, atingia quase 5 milhões em 1990 e é, hoje - últimos números estimados -, de 5.543,2 milhares, já tendo atingido o máximo de 5.624,9 milhares em 2008, antes da explosão da crise .
Em percentagem da população em idade activa, a evolução recente da população activa, desde 2001, também é de progressão, inserida na tendência social-histórica, com uma quebra de 2008 para 2009, recuperada pelas estimativas do recenseamento e por via de alterações metodológicas que dificultam o rigor das representações da realidade.
No entanto, e apesar destas "correcções", não se pode esconder que a população activa está em contra-tendência de progresso social, com aumento do desemprego e a passagem a população não activa de parcelas da população em idade activa do sexo feminino, como a desagregação por sexos (e noutra escala) o mostra clramente no gráfico seguinte, em que se vê, na curva de baixo como a população activa feminina em percentagem da população feminina em idade activa desceu claramente em 2011, não sendo tal queda (para percentagem inferior à de 2007) compensada pelo aumento de percentegem na população masculina na curva de cima e correspondente acréscimo de desemprego.
Assim se explica a menor parcela de desempregados/as do sexo feminino e se criam condições para repor o "exército de reserva de mão obra", sobretudo feminino, ilustração de regressão social do maior significado, colocando parte da população feminina na situação de "stock" inaproveitado" socialmente, como ilustrado por Luís Afonso em O Mistério da D. População Activa, publicado há quase um quarto de século.


Brevíssima

lida, ontem, no público
e comentada (muito bem) no Samuel -Cantigueiro:

Fundação Paula Rego só não teve avaliação positiva porque os autores do relatório se enganaram nas contas. E a do Côa foi avaliada para o triénio 2008-2010, quando só foi criada em 2011.

Um pouco de seriedade!
Andam a brincar com coisas muito sérias!
Há que retirar o "brinquedo" a alguns meninos
... não é para a idade (mental) deles!


O coro das hostes, ou dos escravos increus


Parecem mesmo um coro. Pouco trabalhado nos ensaios, e formado por coiros a várias vozes.
Há um que tenoriza, cheio de imaginação, sobre a mendicidade sem que tenha de se pedir esmola, há um outro que barotina, algo cansado mas sempre com vicente, sobre a fadiga tributária, há um baixo que já esteve a mais e é achista (boa, Samuel!) que acha que aqueles que deviam cantar sobre que lhes diz directamente respeito deviam estar calados, há ainda uma voz hesitante que gorgeia coisas pouco compreensíveis sobre a soberania nacional de que lhe lembrou agora, houve também uma voz lançada intempestiva, fora do naipe, cujo papel no grupo ainda não se percebeu muito bem se é para afinar ou desafi(n)ar mas eles lá sabem... ou lá serão obrigados a saber pelos donos da pauta. Em resumo, muitos sons e pouca afinação.
No outro lado do coro, nos contraltos nada contritos, vem o mais velho que nunca se cala e é sempre ouvido, fazer um solo sobre a falta de vergonha, ária (ou área?) em que é especialista, enquanto o que está à experiência, cheio de arrojo, trauteia que quando tiver a batuta (é uma obsessão esta de ter o poder, e faz batutar), desfará o que agora estão a fazer os alternantes.
O grupo coral interno, que é um aparente duo formado por três em que alguns vão cantando com um caladinho que nem um rato e viajando, está a dar espectáculos em todos os écrans do País, por ocasião deste fim de festas e enquanto se inicia o encontro dos co(i)ros ao mais alto nível, com uma exibição especial, ao jeito de ensaio geral numa universidade estival, antes da "grande cena" no "grande palco", em que haverá um número especial feito por elemento que teve grande impacto em anteriors actuações mas que agora não pode esconder que vai nú, como não se cansava de gritar gente do povo.

terça-feira, agosto 28, 2012

OUTRA INFORMAÇÃO - Reunião do Movimento dos Países Não-Alinhados

"sabia que se estava a realizar?"
Países Não Alinhados defendem
nova ordem internacional

Os ministros das Relações Exteriores dos países Não Alinhados defenderam nesta terça (28), em Teerão, o estabelecimento de uma nova ordem política e econômica mundial e exigiram boa vontade das grandes potências para garantir a paz mundial.
Ao abrir o segmento ministerial da 16ª Cúpula do Movimento de Países Não Alinhados, os chanceleres de cerca de 80 nações, assim como vice-ministros e outros funcionários, se pronunciaram a favor de elevar o papel influente deste fórum nas políticas e na economia do planeta.
Neste sentido, sublinharam que os 118 estados membros – aos quais outros dois desejam somar-se – têm, tradicionalmente, lutado por um papel ativo no cenário internacional, apesar da pressão e interferência de potências ocidentais.
Um deputado da comissão de política exterior e segurança nacional do Majlis (parlamento iraniano) saudou a posição dos chefes de diplomacia e elogiou o sucesso dos Não Alinhados em afetar positivamente a política e a economia globais, em plena crise.
Os ministros salientaram que o objetivo do movimento, fundado em Belgrado, em 1961, é avançar em uma direção oposta à de antigas potências coloniais, especialmente dos Estados Unidos. Eles pediram que o governo norte-americano deixe de lado a seletividade e a dupla moral.
As intervenções de vários chanceleres também se centraram nas atuais questões globais, em particular no apoio incondicional à causa palestina e à condenação à política de Israel de ampliação das colônias judaicas nos territórios ocupados.
O movimento reivindicou vontade política para avançar na resolução de conflitos no Médio Oriente, em especial na criação de um Estado palestino e no fim da ocupação sionista, assim como no respeito ao direito do Irão de desenvolver tecnologia nuclear para fins civis.
A este respeito, os ministros do fórum de países em vias de desenvolvimento instaram Israel a respeitar as seis resoluções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU e outras iniciativas pacificadoras, e reprovaram a evidente parcialidade de Washington.
Durante a análise do projeto de declaração final que os líderes deverão ratificar na quinta e sexta-feira próximas, os ministros das Relações Exteriores condenaram as medidas ilegais unilaterais de Tel Aviv, como a construção e ampliação de assentamentos nos territórios ocupados.
Também concordaram na necessidade de acabar com a violência na Síria, embora autoridades presentes no plenário tenham admitido a falta de entendimento entre delegados de nações aliadas e hostis ao governo do presidente Bashar al-Assad. Outros temas em análise são combater o imperialismo e o racismo no mundo.
O chefe da secretaria do Movimento de Países Não Alinhados, Mehdi Akhoundzadeh, sublinhou nesta segunda-feira (27), após dois dias de reuniões de altos funcionários, que foi lançada uma mensagem de paz e segurança e que se demandou um novo mundo livre de intimidação e violência.
Akhoundzadeh assinalou que "a mensagem da cúpula de Teerão é de paz, segurança, desenvolvimento, justiça, igualdade e por estabelecer um mundo sem espaço para o domínio da força, intimidação, ameaças e violações da lei", posições garantidas hoje pelos ministros das Relações Exteriores.
O chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, destacou o compromisso de seu governo e do Movimento dos Países Não Alinhados com a manutenção da paz mundial, o desarmamento e a autodeterminação das nações.
Rodriguez conversou com jornalistas no Aeroporto Internacional Imam Khomeini, em Teerão, onde chegou nesta terça. O ministro cubano disse que o Irã0 assume uma grande tarefa com a realização de uma conferência dessa magnitude e descreveu a cúpula como um fato que goza de alta sensibilidade mundial.
O chanceler de Bangladesh, Dipu Moni, também elogiou a preparação do Irão para a cúpula. Moni ressatou a pertinência da agenda e dos documentos do evento, elaborados por peritos, com ênfase na paz, no desarmamento e na cooperação internacional.
Além disso, o titular de Bangladesh elogiou os esforços de Teerão para que a cúpula ressalte a necessidade de um mundo livre de armas nucleares e de destruição em massa e que respeite os direitos de todos os países à energia nuclear para fins pacíficos.
Por sua vez, o chanceler do Senegal, Badara Cissé, reconheceu a influência iraniana no mundo islâmico e na restauração da paz em escala mundial, "um prestígio que será reforçado com a celebração, em Teerão, desta cúpula".
Cissé mostrou-se esperançoso de que, durante as discussões, haja "interações efetivas" com vistas a encontrar uma solução para a crise na Síria, em um momento em que estão praticamente paralisados os esforços de paz desenvolvidos pela ONU.

Vermelho
com Prensa Latina

Intervalo

em vermelho:

"charge" de dálcio

Eles andam por aí... e nós só temos de lembrar o já dito e continuar a luta

em sapo:



Jerónimo de Sousa em Guimarães
Pedir mais tempo é como tomar aspirina
para tratar uma pneumonia
Económico com Lusa
28/08/12
.
O líder do PCP afirmou que pedir mais tempo à 'troika' é o equivalente a tomar uma "aspirina"
num caso de "pneumonia".


À margem da visita a Guimarães 2012, Jerónimo de Sousa disse que o Governo "está direccionado" para o aumento das medidas de austeridade e "não para resolver os problemas da economia".
O líder comunista voltou a defender como solução a "ruptura" com o "pacto de agressão" que, segundo ele, representa o memorando de entendimento entre o Governo e a 'troika' (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).
Numa altura em que a 'troika' se prepara para proceder à quinta avaliação da aplicação do memorando de entendimento assinado como Governo português, Jerónimo de Sousa voltou a classificar a "ajuda" como um pacto de agressão.
"Estamos perante a banalização da ingerência estrangeira que vem não para analisar a situação do país, mas apenas para analisar a concretização das medidas do pacto de agressão que foi subscrito", afirmou.
Para o líder do PCP, "não está em causa a recessão económica" pois, afirmou, "para eles a recessão económica, o desemprego e mesmo os dois problemas fundamentais que foram invocados para a chamada "ajuda", o défice e a dívida, não estão a ser resolvidos".
Quanto à possibilidade de Portugal pedir mais tempo para atingir os objectivos impostos pelo entendimento com a 'troika', Jerónimo de Sousa classificou esta solução como um "paliativo". "Se tivermos uma pneumonia e nos derem uma aspirina mal não faz mas não cura a infecção. Aqui o problema de fundo continua a ser o pacto de agressão e as medidas que ele contém", explanou.
Questionado sobre se espera mais medidas de austeridade, o secretário-geral do PCP mostrou-se convicto que tais medidas serão tomadas pelo Governo.
"O Governo está direccionado para aí. E tendo em conta a disponibilidade e conluio do Governo português, nós pensamos que na cabeça do Governo estão com certeza mais sacrifícios para os salários, reformas, pensões", disse.
Jerónimo de Sousa voltou a defender como "caminho" a "ruptura" com o entendimento conseguido entre Portugal e a 'troika'.
"Nós já dissemos há um ano que com a aplicação daquele pacto de agressão o país iria para o caminho do afundamento. Não vamos resolver o problema do défice e o país continua a afundar", afirmou.

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Desemprego - conceitos e números - 5 (no feminino)

Ontem, tinha a intenção de colocar mais um"post" sobre o sexo na população activa. Até para dar alguma importância ao mistério da D, População Activa, que tem vindo, ao longo dos séculos a feminizar-se , como lhe é próprio da designação.
Como há anos (décadas!) venho observando, um dos sinais contemporâneos do progresso social tem sido o de mudança da "condição feminina". Se estivesse (ou quando estiver) disponível para/habilitado a aprofundar o que se trata de mera observação e registo, estou certo que chegaria a resultados interessantes. Nestas reflexões sobre a população activa, e a sua representação estatística por sexos, encontram-se sinais quase a exigirem esse aprofundamento. 
Desde a década de 60 do século passado, a mudança da relação entre os sexos, no nosso mundo ocidental, tem sido tão grande que os contemporâneos a notam se estiverem minimamente atentos ao modo como vivem. Na relação a dois, na divisão de trabalho, na assumpção da maternidade/paternidade, em todas as vertentes da vida social.
Nesta abordagem da população activa, apesar das reservas a terem de se considerar nas representações estatístivas, os sinais são evidentes.
Em 1974, a parcela feminina da população activa era de 39,4% e em 1990, no tempo em que, com a colaboração do Luís Afonso, elaborei, no Diário, o "folhetim" O Mistério da D. População Activa, era de 43,4%.
Pela tabela e gráfico dos números do século XXI vê-se que essa evolução se manteve, tendencialmente, até ao ano de 2010, em que atingiu 47,5%, de acordo com a metodogia adoptada em 1998, o que permite comparabilidade (embora sem anular as reservas).

No entanto, em 2011 deu-se uma inversão na evolução. Não só na população activa como na sua componente emprego, o que provocou o facto, que se estima histórico, de, neste trimestre de 2012, a percentagem  de desempregados ter sido superior à percentagem de desempregadas, como reflexo da saída da mulheres da população activa.
É certo que houve uma alteração metodológica(*), que veio perturbar a comparabilidade, mas a observação das evoluções tem um significado da maior relevância. e é de degenerescência social. (anti)histórica. Espera-se (e por isso se deve lutar) que seja transitória.

Até porque outros sinais não deixaram de aparecer, como o facto de na 100ª Reunião da Conferência Internacional do Trabalho, de 2011, ter sido aprovada a inclusão de um capítulo específico para os empregados/empregadas domésticas na Convenção 102 da OIT, que determina a concessão de alguns direitos básicos como aposentadoria, salário-família, pensão por morte, dentre outros benefícios para essa assim considerada categoria profissional. Trata-se de um sinal. Dos que são alimentados pela/alimentam a luta e dizem que ela vale a pena. Só há que a continuar.

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(*) - Alterações metodológicas significativas no que respeita ao modo de recolha da informação assoà introdução do modo telefónico, da consequente alteração do questionário e da adopção de novas tecnologias no processo de desenvolvimento e supervisão do trabalho de campo.

segunda-feira, agosto 27, 2012

A "com sessão" na tele visão

no sapo:
PCP chama Miguel Relvas ao Parlamento
(SIC)


O PCP quer ouvir o ministro Miguel Relvas no Parlamento sobre a RTP, considerando que a possibilidade de concessão do primeiro canal e de fecho do segundo "coloca novas questões a que a Assembleia da República não pode ficar indiferente".

Notícias Relacionadas

Constituição impõe que Estado tenha a gestão de um canal
(DE)
Administração manifestou em "tempo oportuno" discordância sobre concessão a privados
(Lusa)

"Em defesa da Produção Nacional"


Carta Aberta
sobre o risco de extinção
da produção de Leite em Portugal

O sector Leiteiro Nacional, com os seus actuais 7 mil produtores de leite, dos quais 4 mil no continente, (outrora 80 mil) é entre os sectores agrícolas nacionais um dos que melhor se adapta às novas exigências da sociedade. Hoje temos vacas em estabulação semi-livre, com zonas de recreio e descanso almofadadas, zonas de sombra e limpeza automáticas dos animais, ordenhas robotizadas onde os animais são massajados e zonas de alimentação com comida 24h por dia sempre disponível, devidamente formulada por nutricionistas.

São todas estas comodidades das nossas vacas que neste preciso momento estão em risco, devido a dois factores completamente alheios ao produtor:

- O aumento do custo alimentar das nossas vacas tem sido demolidor. Actualmente, a conjugação entre vários acontecimentos climatéricos nos principais “celeiros” do planeta com a especulação bolsista aliada ao aumento do preço das energias, têm como consequência um custo alimentar por exploração que atinge 70 a 80% da receita total dessa mesma exploração. E agora a questão é a seguinte: “Será que com apenas 20% da receita se consegue manter todas aquelas comodidades referidas para as nossa vacas, além de todos os outros custos fixos?” Certamente que não!

- O segundo factor é o preço pago ao produtor por cada litro de leite. As descidas de preço consecutivas desde o início do ano, acrescidas de novas promessas de descida já para Setembro, em completo contraciclo com os aumentos dos custos de produção são difíceis de entender e suportar pela produção, pois representam uma quebra de receita na ordem dos 10 a 15%.

Por tudo isto, deixamos aqui o nosso grito de revolta. Porque não podemos continuar a dar todas as boas comodidades às nossas vacas, apelamos a todos os elos da cadeia (do prado ao prato) que sejam solidários com a produção:

- À Indústria recordamos que o seu futuro dependerá do abastecimento regular de leite em quantidade e qualidade que só uma produção de proximidade pode assegurar. Ao sector cooperativo, lembramos os princípios e valores cooperativos, como por exemplo, a equidade, a partilha e a solidariedade entre os seus membros cooperantes;

- À Distribuição desafiamos que seja consequente com o que apregoa nas suas campanhas publicitárias. Só é possível salvaguardar a produção nacional de uma forma sustentada pagando pelos produtos um preço justo, superior aos custos de produção;

- Ao Estado não pedimos subsídios, mas sim ferramentas legislativas que ajudem a produção a ter voz activa na discussão do preço por litro de leite pago ao produtor, tendo em conta a evolução dos custos de produção além do mercado de produtos lácteos. As conclusões do relatório da PARCA, Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agro-Alimentar, vieram confirmar uma maior necessidade do poder negocial da Produção, que neste momento não consegue repercutir os aumentos dos custos de produção no valor de venda dos seus produtos; Pedimos não apenas acção do Governo mas também atenção e iniciativas dos vários órgãos de soberania a nível nacional, regional e local e de todos os partidos políticos.

- Aos cidadãos, em particular no papel de consumidores, reafirmarmos não querer aumentar a despesa mensal com os produtos lácteos, no entanto não podemos deixar de chamar a atenção para as nossas dificuldades que poderão ser atenuadas se na hora de escolher o produto na prateleira, preferirem e exigirem produtos com a marca PT (Nacionais).

A todos aqueles que de uma forma directa ou indirecta lidam com os produtores de leite deste país deixamos este apelo:

- Ajudem-nos a sobreviver a esta tempestade que todos os dias dizima produtores. Acreditamos que depois da tempestade possa vir a bonança, mas para resistir no presente precisamos da solidariedade de todos sem excepção, a bem da soberania leiteira nacional, que está em vias de colapsar. Sim à partilha de esforços e valores; Não à asfixia da produção!

Póvoa de Varzim, 24 de Agosto de 2012
Associação dos Produtores de Leite de Portugal

Tinha recebido, há dias, esta carta aberta.
Curiosamente, ao entrar em Fátima, para a Rodoviária,
à minha frente uma cisterna de leite... da Galiza!
Decidi publicar a Carta Aberta.

Brevíssima

QUE ME OCORREU (assim!) AGORA MESMO:

Pode o "estado da economia" mudar de um dia para o outro (ou, até, de uma hora para a outra) como do dia para a noite?
Parece que sim! 
É o que dizem os "mercados"!...

Desemprego - conceitos e números - 4

Num  recente "post" (de 17 deste mês...) tentei sublinhar o significado do desemprego no feminino, a partir dos dados então revelados. Retomo, nesta série, o que então foi publicado sobre abordagem que há muito me (pre)ocupa:

«(...) Sobre o desemprego, avançaram-se os dados do INE relativos ao 2º trimestre de 2012, com o número central dos 15% batendo recordes nacionais e colocando-nos na lista dos medalhados da “modalidade”, embora só de bronze porque a Espanha e a Grécia ainda nos ultrapassaram nesta 1ª metade do ano e assim deverá continuar a acontecer.

Mas queríamos sublinhar alguns factos, sem voltar a referir e a tratar de números por duas razões. Primeiro, porque há quem o faça muito e bem; segundo, porque, para além dos números, há que pensar/”pinçar” também de forma não quantificada, desamarrando-nos dos algarismos e fugindo ao risco de que eles nos afastem da realidade que apenas (e mal) representam.

Pela primeira vez desde não sabemos quando,nestas estatísticas são mais os desempregados que as desempregadas. Quer isto dizer que, a partir da base numérica em que se escora essa representação de uma evolução social, a sua desagregação por sexos revela um possível ponto de viragem do maior significado.

Serem mais os homens no desemprego que as mulheres é um sinal de que se teria tocado no cerne da regressão social, aliás propugnada por alguns próceres da Igreja Católica, na linha ideológica de que o lugar das mulheres na sociedade é o de pôr no mundo as criancinhas e delas cuidar, e de cozer as meias, como paradigma caricaturado da condição feminina, ficando para os homens as actividades herdeiras da caça e da pesca (mais actualizadamente: "a ida ao mercado... mas só ao do trabalho").

Quando em fase de evolução positiva da História, no capitalismo reserva-se para as mulheres serem o “exército natural de reserva da força de trabalho”, e ficam “naturalmente” ausentes do mercado quando se chega à sua fase de evolução claramente negativa. Quando são tantos os homens desempregados que fazem as mulheres no mercado?, para que são necessárias quando a concorrência do lado da oferta da "mercadoria" é suficiente para baixar os preços e desvalorizar a defesa dos direitos?, não deverão voltar ao estatuto de “stock” morto (ou adormecido) da "mercadoria", de recolher aos armazéns e prateleiras de antanho, labutando domesticamente para que as crianças possam ainda assim crescer, para que a paparoca esteja na mesa quando os homens voltam do trabalho (ou da sua "procura no mercado"…), para que a cama esteja aquecida obviando a que a demografia acuse falta de produtividade?

Mais homens no desemprego que mulheres!Que sinal de degenerescência no sistema de relações sociais, demonstrando-se as arrecuas na História! (...)»

Insisto (não por pecadilho de auto-citação... acho eu...), até para fazer a "ponte" para esta série "à maneira de folhetim" recuperando coisas publicadas há quase um quarto de século, em que as ilustrações de Luís Afonso acompanhavam O Mistério da D. População Activa


Talvez ainda hoje volte a este "post"...
e a este tema recorrente.

Breve - o "professor" é divertido!

e malabarista, e o mais que se quiser...



(



O comentador político Marcelo Rebelo de Sousa defendeu hoje que o Presidente da República, Cavaco Silva, deve enviar a lei da concessão da RTP a privados para o Tribunal Constitucional, para ser fiscalizada...

Mas... qual lei?! 

domingo, agosto 26, 2012

Sem pingo de vergonha


SEM SOMBRA DE RECATO



1. Esperava-se, é certo, que mais dia menos dia o governo anunciasse o assassínio da Radiotelevisão Portuguesa, operadora pública de TV. Porque esse crime, desde há muito sonhado pela direita portuguesa mais ortodoxa e também mais negocista, estava inscrito como destino nas invisíveis linhas programáticas que a comandam. O que não se esperaria era que o momento inicial dessa operação fosse duplamente marcado por uma provocação política e por um projecto de óbvio prejuízo financeiro em benefício de uma (ainda) não identificada entidade privada. Uma provocação política: a desastrada alienação de um importantíssimo fragmento do sector estatal é anunciada por um cavalheiro de estranho percurso que não integra o governo, sendo a sua comunicação feita sob a forma de entrevista dada a um dos dois canais privados que são concorrenciais da estação pública. A coisa foi de tal modo escandalosa, e mesmo chocante, que até motivou público desacordo expresso por mais de um dirigente do CDS-PP, partido da coligação sem a qual o governo PSD seria minoritário. Projecto financeiramente desastroso: não apenas prevê que o Estado entregue a uma empresa privada o seu canal principal (ou a licença que permite viabilizá-lo, o que obviamente é o mesmo) mas também que a essa generosa oferta ainda acrescente a dádiva anual de 140 milhões de euros, desse modo garantindo desde logo a rendibilidade do negócio. Embora sendo certo que das práticas do actual governo já não são expectáveis elevados níveis de pudor, a total falta de recato que caracteriza esta iniciativa, quer na forma como surgiu perante o País quer no conteúdo anunciado, marca uma espécie de recorde da desvergonha que não parece de ultrapassagem fácil.

2. É claro que esta privatização, efectiva ainda que eventualmente mascarada de concessão por prazo fixo mas decerto renovável enquanto isso convier aos interesses privados, poderia ser apenas mais uma no quadro da pilhagem sistemática do património público que está a ser realizada pelo governo Passos Coelho. Só que esta é a entrega aos interesses privados, comerciais e financeiros mas inevitavelmente também alguns de outra natureza, do que melhor ou pior ainda subsiste como televisão estatal portuguesa. Para cúmulo, o projecto anunciado inclui a liquidação sumária do canal que com maior ou menor razão ainda mantinha a reputação de ter funções culturalizantes, e este requinte elimina eventuais dúvidas quanto à presença de raízes obscurantistas na construção de mais esta “reforma estrutural”: em verdade, o conhecido desabafo atribuído a Goebbels que relaciona a audição da palavra “cultura” ao gesto assassino de empunhar uma pistola prossegue, pelas décadas fora, a reproduzir-se ainda que sob diferentes formas. Quanto a este ponto, ainda será útil que recordemos quanto a televisão esteve, nos seus tempos iniciais e não apenas em Portugal (onde, de resto, a ditadura fascista coarctava obviamente os horizontes possíveis), relacionada com expectativas de ampla difusão cultural. E parece inteiramente plausível, se não ainda mais que isso, que o velho ódio privado contra a televisão pública, radicado sem dúvida na gula sempre insaciada pelos proveitos financeiros, radique também na memória da ameaça cultural que uma TV estatal, eventualmente fiel à sua mítica trilogia de funções (“informar, cultivar, distrair”, por esta ordem), possa ter constituído um dia para a militância do analfabetismo cultural. Parecendo ocioso recordar que essa militância é, através dos tempos, uma característica permanente de todas as direitas políticas.

3.Os próximos dias ou semanas talvez nos esclareçam acerca do verdadeiro sentido estratégico da lamentável presença na TVI do dr.António Borges, espécie de ministro sem pasta mas também de mitigado prestígio, pois nunca ficou bem esclarecido o motivo da brevidade da sua passagem pelo FMI. Não é inverosímil que esta sua vinda tenha correspondido ao lançamento de um balão de ensaio associado ao desejo de poupar mais uma vez o ministro Relvas a prováveis efeitos de erosão que o projecto revelado suscitaria. É claro, porém, que o projecto é obra de responsabilidade colectiva, digamos que compatível com uma acção de bando. Talvez por isso o CDS se apressou a vir demarcar-se da feia acção. Esperemos, ainda que não com exageradas esperanças, que o indignado clamor que se elevou nos mais variados sectores possa travar a intenção celerada. No todo ou em parte. Até que, um dia, o Estado português possa recuperar plenamente a sua/nossa televisão e utilizá-la em favor do povo que a paga.

nem mais!
nem menos!

Para domingo




 GALOPE

Las tierras, las tierras, las tierras de España,
las grandes, las solas, desiertas llanuras.
Galopa, cabbalo cuatralbo,
jinete del pueblo,
al sol y a la luna.

! A galopar, a galopar,
hasta enterrarlos en el mar!

A corazón suenan, resuenan, resuenan
las tierras de España, en las herraduras.
Galopa, jinete del pueblo,
caballo cuatralbo,
caballo de espuma.

!A galopar, a galopar,
hasta enterrarlos en el mar!

Nadie, nadie, nadie, que enfrente no hay nadie;
que es nadie la muerte si va en tu montura.
Galopa, caballo cuatralbo,
jinete del pueblo,
que la tierra es tuya.

!A galopar, a galopar,
hasta enterrarlos en el mar!

Rafael Alberti
(Capital de la Gloria, 1936/38)



sábado, agosto 25, 2012

A táctica para a concessão do serviço público de rádio e televisão

Já publicara o "post" anterior e tinha a intenção de  deixar uma outra "breve" sobre o que é um serviço público, quando dois  factos precipitaram a (boa) intenção.
O primeiro, foi um mail que me foi enviado e transcreve o art. 38º da Constituição:


Ora um serviço público não está destinado a (não tem o objectivo de) ter lucro. O que é completamente diferente de aceitar que lhe seja facultada ou facilitada a delapidação de meios públicos. Mas isso depende da política geral do Estado e dos gestores nomeados, ou eleitos nessa coisa confusa e contraditória que são serviços públicos com forma empresarial de sociedades por (nem todas boas...) acções. Em qualquer caso terão de ser gestores... de um serviço públicos e não representantes do capital investido, a que tem de dar dividendos. 

O segundo facto, foi ter ido comprar o Expresso e... um "scan" vale mais que muitas palavras tecladas:

Breve (entre parenteses...)

A táctica (não, não é estratégia...) do "poder executivo" (e executor) relativamente à RTP é verdadeiramente maquiavélica (Maquiaveis de trazer por casa... apartamentos de duas assoalhadas...).
Avança o peão que se julga rei, depois entram no jogo os bispos e os cavalos e as torres que se julgam reis (todos, aliás, se julgam rei... zinhos), e assim se acaba com o serviço público que dava prejuízo (como se isto tivesse sentido em termos de... serviço público) e se encontra um outro veículo de dar lucros (ou de concentrar capital-dinheiro ainda que cada vez mais fictício) e de dar mais "fogo à peça" da luta ideológica. 


Desemprego – conceitos e números - 3


Esta série, "à maneira de folhetim", vai ser assim. Intermitente. Vai saíndo (ir)regularmente… À medida que o espaço de informação ( e de OUTRA INFORMAÇÂO) o permita. Bem como a disponibilidade do “alimentador” do “blog”.

Já se sublinhou que a população activa é uma soma de empregados com desempregados e que o desemprego, tal como apresentado na informação, é, além do número, uma taxa de desemprego. E que todos esses números e taxas correspondem a conceitos (estatísticos ou para a estatística) que vão variando com o tempo e nos espaços, embora haja uma base, que é (ou deveria ser) a da OIT.

Daqui resultam várias “dimensões” do desemprego e, nestas várias dimensões, o(s) desemprego(s) vão variando. Já escrevemos sobre desemprego recenseado, desemprego inscrito e desemprego “real”, o de mais difícil quantificação. Mas há outras designações como o desemprego em sentido lato e desemprego em sentido restrito, sendo o primeiro (agora!) a soma de todos os indivíduos que, numa semana de referência, não tendo qualquer trabalho e que estando interessados em trabalhar não procuraram emprego (o que quer dizer que ainda há o desemprego voluntário, dos…. desinteressados), sendo o de sentido restrito os que estando na situação dos de sentido lato, acrescentam à situação estarem disponíveis para trabalhar e terem feito diligências activas nos últimos 30 dias para encontrar um emprego remunerado ou não.

Destas definições ressalta a subjectividade dos conceitos e a susceptibilidade de manipulação. “Interessados”, “procurar”, “”disponibilidade”, “dilligências activas”…


Dito (ou escrito) isto, são fáceis de entender as reservas com que devem ser tratados estes números (a partir destes conceitos subjectivos e manipuláveis retirados de inquéritos periódicos por amostragem), representando a realidade mas nunca a substituindo e podendo ser manipulados para facultar uma “mais conveniente” ou “menos inconveniente” representação da realidade. Anote-se que, se se pretender estabelecer séries, se pode ter a ideia da dificuldade se se disser que houve quebras de série por alterações de conceitos e metodológicas relativas à recolha de dadod, em 1983, 1992, 1998 e 2011, e que, para a qualificação de empregado e de desempregado, a idade mínima considerada foi de 12 anos até 1991, de 14 anos de 1992 a 1997 e de 15 anos a partir de 1998.

Dir-se-ia (ou escrever-se-ia) que esses números apontados e receptionados como rigorosos são sempre… mais ou menos e “trabalhados”. O que não lhes retira a enorme importância como elementos de análise e representações da realidade. Que não a substituem, insiste-se

Só uma ilustração: uma taxa de desemprego de 15% (15 desempregados numa população activa soma de 85 empregados e 15 desempregados) se vir aumentar de 15 para 18 o número de desempregados por alteração da idade estatística em que se considera o desemprego –o que se pode ligar com ensino obrigatório, por exemplo – levaria a taxa de desemprego para 17,5% (18 a dividir por 85 empregados mais 18 desempregados), e no sentido contrário, uma alteração que diminuísse o 15 para 12 o número de desempregados levaria a taxa de desemprego para 12,4% (12 desempregados a dividir por 85 empregados mais 12 desempregados)

A 3ª ilustração de Luís Afonso para O Mistério da D. População Activa de há um quarto de século: