sábado, janeiro 31, 2015

"É MENTIRA!", disse ele...

... mais depressa apanhado
do que se fosse coxo.

sexta-feira, janeiro 30, 2015

A manipulação despudorada...

... de uma descida 
de 0,1 pontos percentuais 
nas estimativas do INE 
sobre emprego/desemprego.

A partir das estimativas mensais ontem divulgadas pelo INE tem sido feito o mais despudorado aproveitamento, por via de uma campanha na comunicação social que intoxica a população com a ideia de que o desemprego diminuiu, assim pretendendo comprovar o bom (ou até excelente...) estado de saúde da economia portuguesa...
Trata-se de uma vergonhosa falácia que, por mais que se insira na prática recorrente do governo, não deixa de ser uma agressão intolerável a uma informação séria. Não que se considere inaceitável que o governo use as estatísticas e outras representações da realidade para mostrar como tem trabalhado, mas já é inadmissível que distorça os números para iludir, enganar, para mentir como é seu uso e abuso.
Ora as estimativas confirmam que o abrandamento da actividade económica no último trimestre do ano teria levado à destruição de cerca de 15 mil postos de trabalho e um significativo agravamento do desemprego em certas camadas etárias.

Os dados agora divulgados não permitem calcular a taxa de desemprego real uma vez que não facultam informação sobre a evolução do subemprego, dos inactivos disponíveis e do desesperado abandono do "mercado do trabalho", além de não revelarem (ou não actualizarem) as centenas de milhar de portugueses forçados a emigrar.

Estes indicadores ajudam – e não mais do que isso – a conhecer a insuportável dimensão do desemprego, enquanto peça determinante de uma situação social e também dramática expressão das condições de vida de centenas de milhar de portugueses, situação por que é responsável uma política que tem conduzido o País ao declínio económico e ao retrocesso social. Esta política, acrescente-se, não começou no actual governo que tão despudoradamente manipula números para distorcer as representações de uma realidade que os portugueses, pelo modo como vivem, não reconhecem nessas representações.

inquérito na AR ao BES/GES

Ponto da situação 
resultado de um excelente trabalho 
do Grupo Parlamentar do PCP 



o retrato/filme 
de um caso escabroso e exemplar

Quem te avisa (nem sempre!) teu amigo é...

Diógenes, o Cínico, 
filósofo austero e rezingão, 
levanta o dedo aos bárbaros

Obrigado, 
Gonçalo

quinta-feira, janeiro 29, 2015

Frases “assassinas”… que deveriam ser “suicidas”.

Nos últimos dias têm acontecido coisas que levam a declarações na comunicação social. A necessidade de responder rapidamente à avalanche de perguntas (ou de uma só pergunta feita a várias vozes) não desculpa algumas frases, antes revelam – decerto inadvertidamente, talvez premeditadamente – um claro posicionamento ideológico.
·         As eleições gregas e Passos Coelho: o programa dos escolhidos pelos eleitores gregos “contos de crianças”
·         As provas para os professores e a frase do ministro Nuno Crato ("não faz sentido que um professor dê 20 erros ortográficos numa frase"), que só “faz sentido” enquanto intenção de vexar publicamente uma profissão que deveria ser acarinhada e prestigiada!
A este respeito, reproduz-se, do Manifesto do Partido Comunista, de 1848:
A burguesia desempenhou na história um papel altamente revolucionário.
A burguesia, lá onde chegou à dominação, destruiu todas as relações feudais, patriarcais, idílicas. Rasgou sem misericórdia todos os variegados laços feudais que prendiam o homem aos seus superiores naturais e não deixou outro laço entre homem e homem que não o do interesse nu, o do insensível "pagamento a pronto". Afogou o frémito sagrado da exaltação pia, do entusiasmo cavalheiresco, da melancolia pequeno-burguesa, na água gelada do cálculo egoísta. Resolveu a dignidade pessoal no valor de troca, e no lugar das inúmeras liberdades bem adquiridas e certificadas pôs a liberdade única, sem escrúpulos, de comércio. Numa palavra, no lugar da exploração encoberta com ilusões políticas e religiosas, pôs a exploração seca, directa, despudorada, aberta.
A burguesia despiu da sua aparência sagrada todas as actividades até aqui veneráveis e consideradas com pia reverência. Transformou o médico, o jurista, o padre, o poeta, o homem de ciência em trabalhadores assalariados pagos por ela.

Acrescentar-se-ia, hoje, passados 167 anos, que o “mercado” (o capitalismo financeiro trasnacional) está a (re)vestir profissões que exigem a maior respeitabilidade, ligadas à Educação, à Saúde, à Justiça, com roupagens sujas e lamacentas, sem  qualquer escrúpulo ou reservas de linguagem.  

quarta-feira, janeiro 28, 2015

Quase um grito de alma... de um europeu

Pela enésima vez o digo e escrevo:

A associação de Estados-membros europeus 
(CECA->CEE->CE->UE) 
não é a EUROPA!




terça-feira, janeiro 27, 2015

Legenda-comentário do "post"anterior

Ao olhar (com intenções de ver) a tabela anterior com os resultados da eleições na Grécia, saltam inúmeras observações, que procurarei, pelo meu lado, sintetizar:

  • a nota por vezes ouvista de pouca afluência às urnas tem de ser confrontada com o facto de, entre 2012 e 2015, ter havido mais 240 mil eleitores, mais 4,5%, entre as duas eleições;
  • a rara (se alguma vez foi na comunicação social... e muito ouvi sem nada ter ouvisto) referência à votação do KKE (Partido Comunista da Grécia) é inexplicável (?!) face ao facto de ter sido o partido, de todos os que concorreram às duas eleições, que mais cresceu depois do Syriza - mais de 60 mil votos, que representam mais 21,9%, tendo subido de 12 para 15 deputados;
  • importa sublinhar o resultado do Potami enquanto "depositário" de votos flutuantes e atraídos por figura pública, como acontecera nas "eleições europeias" em que aparecera como "novidade" e em que tivera 6,6% (tendo agora descido 0,55 pontos percentuais nestas eleições);
  • todos os outros partidos desceram, desceram entre as duas eleições:
    • Nova Democracia "apenas" desceu 5,9%, "aguentando-se" muito bem;
    • ao contrário de muito comentário ouvisto, o partido neo-nazi Aurora Dourada perdeu quase 40 mil votos e 8,9%;
    • foi muito significativa a queda do chamado Gregos Independentes, que perdeu mais de 1/3 dos votos de 2012 (36,6%), e veio a servir de apoio para o Syrisa vir a ter maioria no parlamento grego;
    • o verdadeiro desastre do Pasok, Partido Socialista da Grécia, claramente responsabilizado pela política de austeridade e de obediência à "troika" e sucedâneos ou aparentados, isto é, ao capitalismo financeiro e seus "mercados", caindo quase meio milhão de votos e mais de 60%.    


Vamos aos números...para haver um mínimo de rigor

Para mim (e por mim falo), as eleições, onde quer que sejam, são um sinal do "estado  das coisas". Na sua "pureza" conquistas da democracia, as eleições sofrem tratos de polé, sendo instrumentalizadas desde a imposição da consideração de que haver eleições é igual a haver democracia até toda a manipulação a que são sujeitos os resultados, os numerozinhos, correspondendo cada um deles à escolha expressa e explícita (ou não) de cada um de nós. Na aparência, todos iguais no exercício  da cidadania, com os condicionalismos que esta sofre e suporta.
Poderia continuar interminavelmente estas reflexões mas agora são números que aqui me trazem. E que entendo imprescindíveis para se poder falar com algum rigor do(s) significado(s) das eleições gregas, enquanto expressão do estado da nação grega (membro de uma "União" de que Portugal  faz parte).
Depois de muito ter ouvido - e algumas coisas das ouvidas sendo verdadeiras barbaridades face aos números que, laboriosamente e de mais que uma fonte, procurei conhecer -, e depois de pouco ou nada ter ouvido sobre outras, aqui ficam os números a que cheguei.

Por ordem de crescimento em relação a 2012:


  Eleições 2015   Eleições 2012    Diferença
Coluna1     %    votos      %    votos        votos        %
Potami 6,05%         373.618 - - 373.618 -
SYRIZA 36,34% 2.244.687   26.89% 1.655.086 589.601 35,6
KKE-PCG 5.47%    337.947    4.50% 277.204 60.743 21,9
ND-Nova  Democracia 27,81% 1.717.831   29.66% 1.825.637 -107.806 -5,9
Amanhecer Dourado 6,28%    388.197     6.92% 425.990 -37.793 -8,9
Gregos Independentes 4,75%    293.211     7.51% 462.466 -169.255 -36,6
PASOK-PSG 4,68%    289.302    12.28% 755.868 -466.566 -61,7
5.644.793 5.402.251 242.542 4,5

Ficam para informação e reflexão.
Comentar-se-ão, eventualmente, 
em próximo "post"..




segunda-feira, janeiro 26, 2015

Reflexões lentas (e irreflexões rápidas) no dia seguinte às eleições na Grécia

Os resultados  das eleições na Grécia são um facto político relevante. Como aqui se transcrevia (de crónica internacional, de 5ª feira, de Ângelo Alves): «(...)desejo popular de mudança e de recusa das políticas do PASOK, da Nova Democracia, da troika e da União Europeia é mais do que evidente. Isso é já uma vitória para a Grécia, indissociável da luta popular. E é uma derrota para a União Europeia do capital e do medo. O povo grego está a demonstrar coragem, quer mudar e acredita numa mudança real substantiva. (...)».
Foi com satisfação e alegria e esperança que se acompanharam as notícias sobre esses resultados. Mas não com euforia, sobretudo não irref lectidamente. Como bem alertava Ângelo Alves, no final  da sua crónica «É de construção de um futuro novo que exige rupturas, coragem, verticalidade e frontalidade. E que não tolerará enganos ou desilusões,»

E é tempo (como sempre) de reflectir. 
Não se tem de estar em acordo total com quem está em desacordo com o que em desacordo estamos. Como não se pode estar de acordo com quem está de acordo com o que em desacordo estamos.
Podemos - e devemos - procurar acordos de acção com quem está em desacordo com o que em desacordo estamos e lutamos. 

Mas se esses resultados abrem perspectivas e reflexões prenhes de esperança, outras reacções (e frases e palavras) suscitam, que se diriam pouco reflectidas ou, até impróprias. 
Exemplos: 

1.


Passos: Será «muito difícil» conciliar programa do Syriza com regras europeias

Passos: Será «muito difícil» conciliar programa do Syriza com regras europeias - fonte: Económico


Numa das reações europeias mais adversas à vitória da extrema-esquerda na Grécia, o primeiro-ministro português diz que algumas das ideias do Syriza são um "conto de crianças".


2.

Economia

Dias gregos

Tempo para pensar. Como todos os tempos.
Hora de agir. Já. Como em todas as horas.
Nas condições sempre a mudar. Sempre!

quinta-feira, janeiro 22, 2015

A situação internacional e a luta pela PAZ




Crónica internacional

 - Edição Nº2147  -  22-1-2015




A Europa e a Grécia
Como o PCP alertou, os acontecimentos de Paris estão a ser aproveitados pelos sectores mais reaccionários, pelas principais potências imperialistas e pela União Europeia para fazer avançar aquilo que há muito tentavam. Sustentados numa paranóia securitária de natureza islamofóbica, direita e social democracia unem-se para adoptar um conjunto de medidas que levam mais longe os atentados às liberdades individuais e colectivas, à democracia e à participação popular e abrem campo à extrema-direita. Ao mesmo tempo que se instiga a paranóia, avança-se, no plano ideológico, na teoria maquiavélica do choque de civilizações. Pelo meio, com pezinhos de lã, lá se vai também falando dos «extremismos de esquerda». Entretanto em Londres uma enfermeira é suspensa por rezar por uma sua colega muçulmana e multiplicam-se na Europa as manifestações de extrema direita contra as minorias religiosas e os imigrantes.
O Big Brother europeu está em marcha e a Europa fortaleza reforça-se. «O inimigo está entre nós», todos somos potenciais «jihadistas». Por isso, os nossos movimentos, viagens, compras, acções, opiniões vão ser «monitorizadas» pelos «guardiões» da nossa «segurança» que acumularão o poder de decidir quando e como os exércitos sairão à rua para «garantir» a nossa «tranquilidade». A União Europeia está mergulhada no medo, empurrada para o racismo e a intolerância e corroída por uma profunda crise social e económica. A realidade, essa, fica submersa no mar de desinformação e condicionamento ideológico, ocultando-se que estamos a ser vítimas das políticas «europeias» e «atlânticas» que instigam ao ódio, à guerra, ao conflito, à divisão – seja na Síria, na Líbia, no Iraque... ou na Ucrânia, onde o exército de Kiev bombardeia sem dó nem piedade o seu próprio povo em Donetsk. Tudo isto em nome dos «valores da democracia ocidental» e da proclamada «liberdade de expressão e de imprensa».
É esta «Europa», decadente, em crise e em que o medo e a chantagem são armas de domínio, que vai também estar em julgamento nas eleições do próximo domingo na Grécia. Um país destruído economicamente, asfixiado por uma dívida imposta, vendido a retalho e ao preço da chuva ao grande capital estrangeiro, completamente submetido aos ditames dos seus «credores» e senhores e com um povo a sangrar feridas sociais, de dignidade e de soberania – é este País que vai a votos no domingo. Um povo massacrado e ferido, mas também um povo que há quase uma década protagoniza lutas sociais e de massas de grande envergadura para as quais o movimento sindical de classe e os comunistas gregos deram e dão contributos decisivos.

O desejo popular de mudança e de recusa das políticas do PASOK, da Nova Democracia, da troika e da União Europeia é mais do que evidente. Isso é já uma vitória para a Grécia, indissociável da luta popular. E é uma derrota para a União Europeia do capital e do medo. O povo grego está a demonstrar coragem, quer mudar e acredita numa mudança real substantiva. Essa é a razão por que, nervosos, os «donos disto tudo» se lançaram numa imunda campanha de chantagens e pressões contra a liberdade de expressão e de decisão do povo grego. Porque a liberdade do povo põe, como sempre, em causa a «liberdade» de mandar, de explorar e oprimir. Compete às forças políticas gregas interpretar e respeitar este fundo sentimento nascido da luta, que é propriedade exclusiva do povo. Porque, tal como em Portugal, será com o povo e a sua luta que se podem operar as rupturas necessárias para a Grécia respirar liberdade, justiça, dignidade, desenvolvimento, progresso e soberania. O tempo na Grécia e na Europa não é de meias verdades e muito menos de novos cozinhados para as mesmas receitas. É de construção de um futuro novo que exige rupturas, coragem, verticalidade e frontalidade. E que não tolerará enganos ou desilusões.

Ângela Alves

sábado, janeiro 17, 2015

a talhe de foice - VIVA!



 - Edição Nº2146  -  15-1-2015

Vivamos

A exemplo do que sucede com algumas canções, que sem razão aparente ou por um errático processo de associações de ideias nos martelam na cabeça durante horas e mesmo dias a fio, esta semana invadiu-me persistentemente a lembrança do poema de Reinaldo Ferreira – Receita para fazer um herói: Tome-se um homem, / Feito de nada, como nós, / E em tamanho natural. / Embeba-se-lhe a carne, / Lentamente, / Duma certeza aguda, irracional, / Intensa como o ódio ou como a fome. / Depois, perto do fim, / Agite-se um pendão / E toque-se um clarim. / Serve-se morto.
Mais intenso do que tudo o resto fica este «Serve-se morto», seja lá onde for, que de mortos esteve a semana cheia e de mortos se falou em todas as línguas. Mediatizados uns – a «nossa» dor dói sempre mais do que a dor dos «outros» –, ignorados a maioria deles, os mortos aí estão todos os dias a marcar o quotidiano, sem heroísmo que lhes valha mas sempre a clamar por justiça.
Mortos por uma bala perdida, mortos com um tiro à queima-roupa, mortos sem se saber porquê por um drone comandado a milhares de quilómetros de distância, mortos de fome e de frio, mortos sem assistência numa maca de hospital, mortos numa ambulância à procura da ajuda que fica demasiado longe e chega demasiado tarde.
Mortos também de desespero pelo trabalho roubado, pela casa pilhada, pela dignidade sonegada.
Mortos, enfim, no anonimato dos danos colaterais de todos os crimes que ficam por contar... e por punir.
É feita de mortos esta história do mundo globalizado pelo imperialismo, onde um punhado de hipócritas chora lágrimas de crocodilo pelos que tombam enquanto com as mãos sujas de sangue lavram novas sentenças de morte.
A encenação da pseudo manifestação de «dirigentes mundiais» nas ruas de Paris – chefes de Estado e de governo, incluindo Passos Coelho, naturalmente – que desfilaram durante alguns minutos e pousaram para a fotografia separados por um imponente dispositivo policial dos milhões de pessoas que saíram à rua em genuína manifestação de repúdio e indignação pelo bárbaro ataque ao Charlie Hebdo, tresanda a morte. Morte matada fruto das políticas que cada um por si e todos em conluio praticam no mundo globalizado do capital – fomentando guerras contra estados soberanos, instigando conflitos religiosos e étnicos, promovendo forças de extrema-direita, fascistas e xenófobas, prosseguindo políticas que incrementam a exclusão social e a exploração –, e morte anunciada de elementares direitos democráticos em nome da «segurança».
Num sistema que globaliza perdas e danos e privatiza lucros e benesses, até os mortos – acidentes de percurso – servem, quando servem, para legitimar o ilegítimo. Vítimas e carrascos, depois de mortos, tornam-se pratos pronto a servir para alimentar o monstro, insaciável nos estertores da morte a que historicamente está condenado.
Cabe-nos a nós – os que querem transformar o mundo – mudar o rumo desta história. Viver.

Anabela Fino

sexta-feira, janeiro 16, 2015

Selecção...

Selecção (cá da casa...) de cartoons inspirados (e transpirados) por indesejáveis motivos, e que "agarraram" (segundo "cá a casa") a "questão pelos (alguns dos seus muitos) cornos".
1.(já aqui publicado) de GR7
2.(tirado do facebok) de IETI-JMR
3. (publicado no avante! de 15.01.2015) de Monginho







quarta-feira, janeiro 14, 2015

MEDO

É o MEDO que (n)os tolhe
            É o medo
                   da morte
                   da vida
                   do futuro
                   de amanhã             
da saúde
do desemprego
da segurança
do patrão
do outro
do medo
            que (n)os tolhe
                   encolhe
amacia
                   amansa
amassa
armadilha
embosca
entorpece
embrutece
paralisa
desumaniza

É pelo sonho que venceremos
                        se lutarmos
                        se juntarmos a nossa luta 
                                      á luta de antes de nós
                        se abrirmos portas e janelas 
                                      para a luta de depois de nós


terça-feira, janeiro 13, 2015

Cá por casa...

... também se é charlie!, mas não só, e tão-só enquanto indignação por todos os terrorismos - não esquecendo os escondidos e escamoteados -, e com dúvidas, e procurando enquadrar tudo num quadro de reflexões históricas - e lentas -, e repudiando os aproveitamentos oportunistas e mistificadores. Obrigado, Gonçalo, pelo teu contributo para a "nossa" maneira:

desenho de gr7

segunda-feira, janeiro 12, 2015

Últimas - O crime foi adiado...

Últimas notícias:
PT: Assembleia geral suspensa com nova reunião agendada para 22 de Janeiro
fonte:
Esta notícia era esperada como uma das que poderiam vir a ser dadas. Mas a luta dos trabalhadores, a posição de alguns accionistas, de alguns comenta dores (como Nicolau Santos, que abaixo se transcreve) levaram a este adiamento num País desgovernado, ou de que o Governo se tem vindo a ausentar à boleia de um PdaR ausente de si próprio e das suas funções constitucionais.








Reflexões lentas - ainda (e sempre) palavras: terrorismo

Faltam sempre palavras. A que, nestas reflexões, me tem estado a faltar é a que mais presente parece neste momento: terrorismo
Já tivemos, na História por nós vivida ao vivo, nos anos 60, quem os próceres da ditadura que nos oprimia diziam ser terroristas, por serem dirigentes de movimentos de libertação dos seus povos, ao mesmo tempo que o Papa os recebia (a Agostinho Neto, Amílcar Cabral e Marcelino dos Santos) em audiência, pode dizer-se solidária. Muitos exemplos se poderiam juntar de perversa manipulação do léxico. Ao longo da História.
  • terrorismo. Por pontos:
  1. O atentado perpretado em Paris a 7 deste mês, na sede e redacção do Charlie Hebdo, foi, inquestionavelmente, um acto de terror e horror, como o foi o que se lhe seguiu;
  2. Estes actos têm de ser condenados com veemência e, mais que condenados, prevenidos quanto possível... e jamais justificar actos e acções que a eles se assemelhem;
  3. Temos vivido em coexistência com situação e momentos de terrorismo de Estado evidente, embora tudo maquilhado por uma comunicação ao serviço desses Estados, ou melhor: do que/de quem os domina;
  4. Somos todos protagonistas do tempo que vivemos, do que se passa em nossa casa ou vizinhança e do que acontece nos longes ou nos antípodas, e temos de estar atentos a e intervenientes em tudo, sobretudo quando nos querem passivos e manipuláveis ("massas amassadas", escreveu alguém);
  5. Tenho orgulho de pertencer a um colectivo político-partidário e de ter vivido, solidário, a decisão de se promoverem acções revolucionárias armadas, sempre com o cuidado de não provocarem vítimas e de que nunca pudessem justificar a confusão com terrorismo (o que, como risco assumido, não quis dizer ausência do mentiroso e em nada justificado anátema);
  6. Pelas condições antes criadas, pelas consequências que deles se querem tirar, os actos terroristas de agora - e por serem em Paris, no nosso euro-egocentro... - exigem que se reforce uma informação verdadeira e a clareza de tomadas de posição;
  7. Se soubesse desenhar, fazia um desenho... como não sei aproveito um desenho de um francês, que não é cartoonista mas sim um grande escritor, Daniel Pennac (em Ecrire):
  

domingo, janeiro 11, 2015

Reflexões lentas - nos dias de agora

Nos dias de agora, no dia de hoje

Continuam as palavras a dominar as reflexões lentas (e a procurar dar-lhes sentido) 

  • Fanatismo - No que se vai ouvindo, há uma confusão que é feita por alguns entre fanatismo e convicções, nem sempre inocente e por vezes deliberadamente. E (e)laboram na confusão com intenções encobertas (ou não) de atacar convicções que não são as suas, ao mesmo tempo que apregoam, hipocritamente, a necessidade de tolerância (deveria, talvez, escrever-se compreensão), em que revelam não abundar. Cá por mim, e por mim falo, sou um convicto marxista-leninista. Escoro-me numa leitura da História que é a do materialismo histórico envolvida na opção ideológica do materialismo dialéctico, de nada me arrogando nem especialista nem guardião. Talvez devesse concluir, aqui, com um... ponto final. Mas, nestas reflexões lentas, ainda quero dizer(-me) que, em coerência com essa opção e com essa leitura, estou convicta e naturalmente contra todos os fanatismos e todos os sectarismos. Sei que só sei que pouco sei e que, dado o muito tempo vivido, pouco tempo me sobra  para mais saber, tempo que devo empregar em mais conhecer para melhor pôr na prática individual, cidadã, o pouco que sei e posso ao serviço do colectivo humano em que efemeramente me incluo. Com estas convictas - mas não fechadas - opção e interpretação. Se soubesse desenhar, desenhos faria (muitos, mas não todos, como os da Charlie, e outros que a Charlie talvez não publicasse ou que poderiam levar à minha demissão da revista). Escrever sei (e sei que há quem não goste do que escrevo, e/ou do estilo... que é o homem), e por isso alinho e alinhavo palavras. Para afirmar a repugnância pelos conceitos e subversão de valores humanos que algumas delas encerram, como hipocrisia e cinismo. Vem agora o ponto final.

Pobres e pobreza, ricos e riqueza

"Preocupar-se com os pobres 

não é comunismo", 

diz o Papa





Entrevista concedida por Francisco a dois jornalistas do diário “La Stampa” vai ser publicada em livro.
11-01-2015 16:02 por Aura Miguel








"Preocupar-se com os pobres não é comunismo"
e "o Evangelho não condena os ricos, 
mas sim a idolatria da riqueza".
Os esclarecimentos são do Papa Francisco
em mais uma entrevista, desta vez em forma de livro,
que será publicado em Itália na próxima semana.
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Ora aí está! Mais uma vez de acordo com 
o Papa Francisco (com as suas palavras).

Comunismo é lutar contra a pobreza, 
contra o que faz com que haja pobres e ricos, 
não é condenar os ricos 
mas a riqueza que é a outra face da pobreza; 
comunismo é condenar todas as idolatrias, 
também a que traz resignação aos pobres.

separem-se as águas!
e não para se caminhar entre elas
... sem que nos molhemos.

sábado, janeiro 10, 2015

Reflexões lentas - NUM "CARREFOUR" DA HISTÓRIA

NUM “CARREFOUR” DA HISTÓRIA

A História vai-se fazendo. Inexoravelmente. E passa por sucessivos cruzamentos e entroncamentos de caminhos. 
Face aos que nos calha viver, paramos à procura de adivinhar qual deles será o caminho que vai ser seguido. Por vezes, perplexos. Nunca indiferentes e passivos ou obedientes.

Parece que a França recuperou protagonismo. Ou somos nós – ou os franceses e nós… – que não sabemos ser senão protagonistas. Desenhando “cartoons”, sendo assassinados por os termos desenhado, num bárbaro atentado. E fazendo disso o fulcro da História que está a ser vivida. E escrita. Com uma reacção contra ódio de violência bárbara com alvo, uma reacção de “olho por olho, dente por dente”, de ódio e violência dirigida a todos os alvos e com necessidade de mostrar que acertou em alguns.

Neste sábado de manhã, a minha ressaca da “bebedeira” informativa questiona-me se, na manifestação de domingo, de amanhã, de todos os franceses (e nossa, que nos convocam, imperativamente, a sermos todos Charlie), a madame Le Pen tem ou não lugar, e se o vai ter como “força democrática”, se o vai ter por se impor como representante de “la grandeur de La France" (da "grandeza" xenófoba, racista, fascista… porque outras tem).

Um arrepio me percorre a espinha, que quero vertical. E sofro uma ausência, a de um Partido Comunista Francês, que tanto foi para a minha formação, e que desapareceu do mapa, de todos os mapas. E que tanta falta faz!  À França, à Europa, ao Mundo. A nós. Ou (sei lá…) só a mim.